Bom de briga

O Policial Militar de 55 anos de idade conta que a PM foi a primeira porta aberta para a vida profissional.
Redação

“Pra chegar até aqui ralei muito, tive infância pobre, me lembro de tudo o que passei”.

A briga que João Vieira Araújo Filho comprou quando chegou à Imperatriz há 20 anos foi contra as desigualdades sociais, apontadas por ele como o caminho que leva adolescentes ao mundo do crime.

Nascido em São Luis, o Policial Militar de 55 anos de idade e 30 de polícia conta que a PM foi a primeira porta aberta para a vida profissional. Depois de conseguir melhorar a vida em relação ao que passava na infância, o Sargento Araújo Filho, também chamado de ‘Deputado’, teve a oportunidade de fazer cursos nas áreas de Técnico em Segurança no Trabalho, Técnico em Edificações e Técnico em Contabilidade. “Desses três eu exerço a função de Técnico de Segurança do Trabalho, nas horas vagas da PM”.

Pai de cinco filhos, entre eles a esportista Sanclya Alhadef, Araújo Filho encontrou inspiração na paixão da filha pelo esporte e começou a se envolver com as dificuldades que o esporte local enfrenta, principalmente dando oportunidade a crianças que não têm incentivos para a prática esportiva. “A gente faz doações de bolas, equipagens, tudo para que as crianças tenham uma atividade paralela à atividade escolar para que ela não tenha tempo ocioso. Isso muitas vezes leva para o caminho da criminalidade”.

Com a experiência adquirida nas milhares de vezes que circula pelos bairros mais carentes de Imperatriz dentro da viatura, o Sargento Araújo consegue ver além do que lhe condiciona a atividade policial. “Assim que cheguei aqui em Imperatriz fui trabalhar na rádio patrulha e vi que na periferia da nossa cidade muita gente vive na linha da pobreza. Então comecei fazer campanha no sentido de ajudar o nosso trabalho ostensivo e preventivo com um trabalho educacional. Sempre que eu posso, antes de fazer um recambiamento faço o possível para que a ocorrência seja resolvida no local, sem a necessidade da prisão da pessoa envolvida no caso”.

Como se não bastassem as rondas policiais que impõem risco à vida de policiais, ele ainda encontra tempo para promover momentos de alegria e esperança na vida de dezenas de famílias. “Faço campanhas como café da manhã no dia das mães, brinquedos no dia das crianças, cestas básicas. Sempre o comando do batalhão, na pessoa do Coronel Zanone, me ajuda com uma parte das doações e a outra parte eu procura com a iniciativa privada. Também realizo doações no Natal, no Dia das Mulheres...”.

A entrevista precisou ser interrompida porque uma missão aguardava o Sargento Deputado. Em outra oportunidade e num espaço maior publicaremos um pouco mais sobre a batalha do homem ‘bom de briga’.
fonte: correio popular