Deputado Bira propõe uma reflexão sobre o movimento paredista dos policiais e bombeiros militares do MA
O
deputado estadual Bira do Pindaré (PT) subiu à tribuna da Assembleia
Legislativa, na tarde desta terça-feira (05), para propor uma flexão dos
nove dias de protesto e paralisação dos bombeiros e policiais militares
do Maranhão.
“Este
movimento paredista provocou a maior crise institucional no Maranhão,
desde a reabertura democrática”, desta forma o petista iniciou seu
pronunciamento. A partir do dia 23 de novembro, foram nove dias, de
intensos embates, ameaças e tensões.
Inúmeras
tentativas de negociação desde o início de 2011, por intermédio da
Comissão de Segurança, do Presidente José Carlos (PT), não prosperaram.
No dia 8 de novembro houve a promessa de uma proposta do Governo do
Estado que seria apresentada em até 15 dias, fato que não ocorreu.
“A
proposta não veio, o que veio foi a Força Nacional, o que veio foi um
pedido de ilegalidade do movimento, o que veio foi um pedido de prisão
dos líderes do movimento”, protestou Bira.
O
parlamentar considerou equivocada e errônea a postura do Governo
estadual, quando anunciou que não negociaria com os paredistas até eles
encerrarem o movimento.
Bira
apresentou uma cronologia dos fatos e contextualizou todo movimento
paredista. “No quinto dia, na segunda-feira dia 28 de novembro, tudo
parecia perdido quando tivemos uma reunião com o General do Exercito,
Gomes Matos Filho. O deputado Neto Evangelista, a deputada Eliziane Gama
e vários Deputados Federais, fizemos essa reunião a noite lá no 24º BC.
Percebi no dia seguinte que essa reunião foi fundamental porque o
general foi ao encontro da Governadora e na oportunidade conseguiu
finalmente abrir um canal de negociação com a designação do Senador João
Alberto”, explicou o parlamentar.
O
Deputado continuou a comentar sobre os fatos ocorridos e revelou que
propôs a intermediação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), na pessoa
do Presidente da Seccional Maranhão Mario Macieira. A partir de então
as negociações passaram a acontecer na sede da Ordem. “A OAB, foi a
chave para a solução do impasse, negociação difícil, a primeira rodada
muito animadora de nove pontos, sete foram acordados, ficou então a
questão salarial. A segunda rodada foi um balde de água fria, não se
conseguiu avançar e parecia que a coisa ia se desenrolar por mais tempo.
E finalmente na terceira e última rodada se conseguiu um acordo graças
ao avanço da proposta do governo”, elencou.
O
petista apresentou algumas reflexões que podem ser tiradas a partir
deste fato. Primeiro ele afirmou que não se pode tratar movimentos
sociais, do povo do Maranhão com menosprezo, inconseqüência e
irresponsabilidade. Ele lembrou que a polícia é a ponta de lança da
segurança no Estado, merece ser tratada com zelo e cuidado.
“Segundo:
situações como essa não se resolvem com arrogância, não se resolve com
truculência e muito menos com intransigência, é preciso diálogo, é
preciso negociação, e por essa razão o Governo errou ao declarar que
estavam fechadas as negociações, não deveria, porque o risco era
eminente, ninguém tinha controle sobre a situação, qualquer coisa
poderia acontecer, e em situações como essa, jamais podemos deixar o
canal de negociação”, criticou Bira.
Com
relação ao posicionamento do Tribunal de Justiça do Maranhão, no
tratamento do movimento dos trabalhadores militares, Bira disse “o
Tribunal de Justiça e o Ministério Público, não devem jamais perder o
foco da pacificação social, missão muito nobre, de um judiciário
contemporâneo, moderno, muito além do positivismo jurídico, tem que
colocar a justiça acima da lei e buscar permanentemente um Termo de
conciliação, esse é o objetivo nobre do Judiciário contemporâneo.”
Ao
se pronunciar sobre a decisão do Presidente da Casa e de alguns
parlamentares em cancelarem as sessões plenárias, durante a ocupação dos
militares, Bira foi contundente. “O fechamento deste Parlamento é uma
atitude abominável, sobretudo em tempos que vivemos, que conceitualmente
é considerado tempo de democracia, nós não podemos aceitar em nenhuma
hipótese. Já ouvi diversos argumentos do temor, da insegurança que havia
com os deputados, o receio de alguns deputados até de transitar na
Casa, nada disso justifica fechar o Parlamento, eu não conheço episódio
no Brasil de nenhum Parlamento Estadual ter fechado por conta de
movimento social de qualquer natureza, eu não conheço precedente na
história do Brasil”, constatou.
Bira
ainda disse que essa atitude antidemocrática e autoritária só teve o
intuito de calar a voz povo do Maranhão. “Fechar o parlamento é calar os
representantes do povo, é calar todos nós que fomos eleitos para
representar o povo, eu faço esse discurso com veemência, porque quero
acreditar que isso jamais se repetirá nessa Casa”, criticou.
Por
fim o Deputado exaltou algumas figuras e participações indispensáveis
no tratamento da questão. “A OAB e o Exército Brasileiro, ambos se
empenharam como poucos pela mediação e por uma solução pacífica; Também
destaco os papeis dos parlamentares que se engajaram, que participaram
independente de ser situação ou Governo; Faço questão também de frisar o
papel e a desenvoltura de setores da Imprensa, não posso generalizar
infelizmente, que mantiveram a população informada com equilíbrio e
imparcialidade; Também destaco os gestos dos movimentos sociais, vi aqui
quilombolas, vi aqui sem teto, vi aqui diversos sindicatos, MST; Faço
questão de frisar a postura e principalmente a postura exemplar dos
servidores militares, em nenhum momento houve radicalismo da parte
deles; É preciso reconhecer a postura dos servidores militares,
inclusive para os dirigentes nacionais”.
Bira encerrou sua reflexão com uma frase entoada pelos quilombolas em
todo movimento de luta. Frase que serve de aprendizado e revela que todo
poder emana do povo e só o povo pode decidir seu futuro. “Quem não pode
com a formiga, não assanha o formigueiro!”
Fonte: http://biradopindare.blogspot.com
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